segunda-feira, 4 de junho de 2012

MULHERES PÚBLICAS


PERROT, Michele. Mulheres Públicas. São Paulo: fundação Editora da UNESP, 1998

Fanny Schroeder

A historiadora francesa Michelle Perrot (1928) é professora da Universidade Paris VII Jussieu na França. Faz parte da geração da Escola Nova Francesa de Estudos Sociais na Europa e é especialista na história do século XIX. Seu artigo "Uma história das mulheres é possível?" é precursor dos estudos sobre a história das mulheres no ocidente.
Em um de seus livros traduzidos para o português, “Mulheres públicas”, realizado a partir de entrevistas a Jean Lebrun, tenta esclarecer o lugar das mulheres no espaço público, através de cinco temas: imagens, palavras, lugares, frentes de luta e resistências. Esse estudo sobre a condição da mulher no século XIX descreve a percepção que se tinha sobre a mulher que se expressava no público: um espaço de histórica dominação masculina.
Neste livro é levantado as seguintes questões; qual será a paisagem do século que se anuncia? Que novas partilhas e para qual cidade? Por que, apesar de as mulheres terem adquirido a igualdade civil, a instrução, o salariado e os esportes de alto nível, elas ainda encontram resistência nos três bastiões masculinos - o militar, o político e sobretudo o religioso. Perrot preferiu dirigir o olhar para as mulheres na arena pública, às voltas com uma cidadania que resiste em incluí-las, mas que elas insistem em ocupar e, gradualmente, ampliar.

“No século XIX, as mulheres se mexem, viajam. Migram quase tanto os homens, atraídas pelo mercado de trabalho das cidades, onde acham emprego principalmente como empregadas domésticas. Essas cidades, que chamam sem realmente acolhe-las, empenham-se em canalizar a desordem potencial atribuída à coabitação entre homens e mulheres. Daí uma segregação sexual do espaço publico. Existem lugares praticamente proibidos às mulheres – políticos, judiciários, intelectuais, e ate esportivos... -, e outros que lhes são quase exclusivamente reservados – lavanderias, grandes magazines, salões de chá... Na cidade, espaço sexuado, vão porem se deslocando, pouco a pouco, as fronteiras entre os sexos.”
                  Jean Béraud, La Patisserie Gloppe, Champs Elysees, Paris, 1889

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