PERROT, Michele. Mulheres
Públicas. São Paulo: fundação Editora da UNESP, 1998
Fanny Schroeder
A historiadora francesa Michelle
Perrot (1928) é professora da Universidade Paris VII Jussieu na França.
Faz parte da geração da Escola Nova Francesa de Estudos Sociais na Europa e é
especialista na história do século XIX. Seu artigo "Uma história das mulheres é possível?" é precursor dos
estudos sobre a história das mulheres no ocidente.
Em um de seus livros traduzidos para
o português, “Mulheres públicas”, realizado a partir de entrevistas a Jean
Lebrun, tenta esclarecer o lugar das mulheres no espaço público, através de
cinco temas: imagens, palavras, lugares, frentes de luta e resistências. Esse
estudo sobre a condição da mulher no século XIX descreve a percepção que se
tinha sobre a mulher que se expressava no público: um espaço de histórica
dominação masculina.
Neste livro é levantado as seguintes
questões; qual será a paisagem do século que se anuncia? Que novas partilhas e
para qual cidade? Por que, apesar de as mulheres terem adquirido a igualdade
civil, a instrução, o salariado e os esportes de alto nível, elas ainda
encontram resistência nos três bastiões masculinos - o militar, o político e
sobretudo o religioso. Perrot preferiu dirigir o olhar para as mulheres na
arena pública, às voltas com uma cidadania que resiste em incluí-las, mas que
elas insistem em ocupar e, gradualmente, ampliar.
“No século XIX, as mulheres se mexem, viajam. Migram quase tanto os
homens, atraídas pelo mercado de trabalho das cidades, onde acham emprego principalmente
como empregadas domésticas. Essas cidades, que chamam sem realmente acolhe-las,
empenham-se em canalizar a desordem potencial atribuída à coabitação entre
homens e mulheres. Daí uma segregação sexual do espaço publico. Existem lugares
praticamente proibidos às mulheres – políticos, judiciários, intelectuais, e
ate esportivos... -, e outros que lhes são quase exclusivamente reservados –
lavanderias, grandes magazines, salões de chá... Na cidade, espaço sexuado, vão
porem se deslocando, pouco a pouco, as fronteiras entre os sexos.”
Jean
Béraud, La Patisserie Gloppe, Champs Elysees, Paris, 1889
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