quarta-feira, 27 de junho de 2012

ENTREVISTAS COM ARQUITETOS


Hanno Rauterberg
Viana & Mosley Editora, 2009



capa do livro em inglês

capa do livro em português

Em Entrevistas com Arquitetos ou Talking Architecture: interviews with architecs, o jornalista e renomado crítico de arquitetura alemão Hanno Rauterberg entrevista 19 dos mais célebres arquitetos que comandam 17 escritórios pelo mundo. Os entrevistados são nomes de diferentes movimentos em diferentes lugares, como por exemplo: Cecil Balmond, Peter Eisenman, Norman Foster, Zaha Hadid, Oscar Niemeyer, Peter Zumthor, entre outros.

Entre as principais perguntas de Rauterberg, estão: Qual é o estado da arquitetura hoje em dia? O que inspira arquitetos? O que define seu trabalho? Pode a arquitetura mudar o mundo? Entre as respostas mais curiosas temos a do brasileiro Oscar Niemeyer que ao ser perguntado se ainda existia alguma coisa que desejasse na vida, diz:

                “Eu gostaria de parar de falar de arquitetura. Eu preferia falar sobre literatura, mulheres e ciência. Se me fosse concedido um desejo, então que todo mundo fosse igualmente próspero, por favor. Que todo mundo fosse feliz. Atualmente, o mundo me parece terrivelmente desajustado. Há insatisfação por toda parte; muitas pessoas não acreditam no futuro; o dinheiro reina supremo. Até mesmo por essa única razão, a arquitetura não pode ser a resposta. A arquitetura não é importante, o muito é importante, e nós temos que mudá-lo. Esse é um mundo de merda”

Antes das entrevistas, Rauterberg escreve uma introdução intitulada: Modernismo Digital, porque a arquitetura é mais popular do que nunca. Adiante, o livro conta com inúmeras ilustrações e fotos de projetos, contribuindo para a discussão sobre realizações, desafios, inspirações e sonhos dos arquitetos. Em alguns momentos, Rauterberg arrisca algumas provocações aos arquitetos, como no momento em que diz para a iraquiana Zaha Hadid: O jornal britânico The Times chamou-a de a mais odiada arquiteta da Inglaterra.

É um livro muito interessante. Sem perder o profissionalismo e fugir dos assuntos relacionados à arquitetura, o autor trás um lado mais humano dos arquitetos e vez ou outra deixa escapar perguntas mais pessoais e incomuns. A versão em inglês conta com fotografia coloridas, entretanto, há mais perguntas publicadas na versão em português.

MUTATIONS


Editora: Actar Editorial
ISBN: 8495273519
Autores: Rem Koolhaas Harvard Project on the city,Stefano Boeri, Sanford Kwinter, Nadia Tazi, Hans Ulrich Obrist.

© 2001

Conteúdo:WORLD = CITY

Analise de processos de mutação urbana

 

Em “Mutações” Rem Koolhaas apresenta um atlas de novos espaços urbanos, com investigações desenvolvidas ao longo de um ano no curso de pós-graduação - Harvard Project on the City. São analisados assuntos relacionados com a condição urbana através da abordagem de temas como o impacto dos shopping centers nas cidades; a sistematização das estruturas e relacionamentos na prototípica cidade romana (How to Build a City); o espraiamento de Lagos, gigantesca cidade no oeste africano que é altamente funcional, apesar da falta de infraestrutura, ou o desenvolvimento sem precedentes da região do Delta do Rio Pearl (PRD).

O resultado desses projetos está reunido no livro, que traz também ensaios fotográficos – da Europa, América, China e África urbana, descrições de lugares específicos como Pristina e Benelux, textos de vários colaboradores, entre os quais: Sanford Kwinter e Daniela Fabricius, Stefano Boeri, Hans Ulrich Obrist, Nadia Tazi, Jean Attali, Moulier Boutang, Saskia Sassen, Bart Lootsma. Ainda, intercaladas com textos, mapas e fotografias, o livro traz estatísticas sobre o estado atual e futuro da cidade, apresentadas de forma altamente gráfica.

A primeira vista, o todo não é coerente e o leitor volta-se para o que for de maior interesse pessoal, no entanto, uma análise mais aprofundada, revela que os diferentes pontos de vista juntos, formam um retrato das poderosas forças que compõem a cidade moderna, que embora feita por nós, está além da nossa capacidade de controle. Em “Mutations” Koolhaas conclui que as cidades estão em processo de mutação à medida que a globalização e a urbanização transformam o meio ambiente e a forma tradicional arquitetônica. 

segunda-feira, 25 de junho de 2012

IN A DIFFERENT VOICE. PSYCHOLOGICAL THEORY AND WOMEN'S DEVELOPMENT



Em uma Voz Diferente. Teoria Psicológica e Desenvolvimento da Mulher
ISBN 0-674-44544-9
Editora: Harvard University Press.
Autora: Carol Gilligan
© 1982


Conteúdo

Em oposição às teorias de desenvolvimento humano (Freud, Piaget, Kohlberg, Levinson) baseadas no modelo masculino, Gilligan (Harvard Graduate School of Education) coloca que as mulheres pensam de uma maneira diferente - dão prioridade ao cuidado e à responsabilidade, muito mais do que aos direitos ou a justiça (o contraste entre a definição do self a partir da separação e baseado na continuidade, conexão).

A autora acredita que a psicologia tem repetidamente e sistematicamente sido incapaz de compreender as mulheres – seus motivos, compromissos morais, o decurso de seu desenvolvimento psicológico e sua visão particular do que é importante na vida. Conclui que não há algo de errado com elas, mas com a teoria, que tenta entende-las a partir de uma perspectiva masculina. Repetidamente, observa, as teorias do desenvolvimento têm sido construídas em observações da vida dos homens.
O desenvolvimento masculino é basicamente uma questão de separação do modelo em busca de autonomia e independência. Sob este viés, as mulheres seriam incapaz de tornarem-se adultos maduros, uma vez que seu desenvolvimento envolve uma luta contínua e sem solução para equilibrar suas responsabilidades com os outros e seus compromissos com elas mesmas. Enquanto os homens vêm a moral como uma questão de justiça imparcial, para as mulheres a moralidade é mais uma questão de cuidados. Seriam, portanto, menos morais? Questiona-se a autora. Se os homens dispõem-se a sacrificar o relacionamento com os outros em busca de realizações pessoais, estariam erradas as mulheres ao sacrificar conquistas pessoais para preservar relações? Na comparação do desenvolvimento de homens e mulheres, baseado no modelo masculino, as mulheres ficam aquém.
Em “Em Uma voz Diferente” Gilligan analisa respostas masculinas e femininas (em nove idades diferentes e em outros estudos separados) para o mesmo dilema moral. Suas colocações, baseadas na observação do dramático contraste entre as respostas de homens e mulheres, vão muito além da crítica negativa à teoria existente; a autora, neste ensaio, inicia uma conversa. Ao dar vozes às mulheres, coloca sua própria visão da personalidade feminina e contribui para o retrato da natureza humana, que têm sido, ao longo dos anos, muito unilateral. Chama atenção para a multiplicidade de vozes entre os “adultos” e as “pessoas” em geral.

THE REFLECTIVE PRACTIONER


SCHÖN, Donald A. The Reflective Practitioner – How Professionals Think in Action. Editora Ashgate. England, 2007.


“Our knowing is ordinarily tacit, implicit in our patterns of action and in our feel for the stuff with which we are dealing. It seems right to say that our knowing is in our action. Similarly, the workaday life of the Professional depends on tacit knowing-in-action.” (“Nosso saber é normalmente tácito, implícito em nossos padrões de ação e em nosso sentimento para as coisas com as quais estamos lidando. Parece certo afirma que o nosso conhecimento está em nossa ação. Da mesma forma, a vida cotidiana do Profissional depende do conhecimento tácito da ação.") – SCHÖN, 2007 - pg 49
Donald A. Schon, em The Reflective Practitioner – How Professionals Think in Action (figura 1) discute que tipo de conhecimento os profissionais da prática estão envolvidos e se existe um rigor intelectual nessa prática profissional. Seu trabalho é sobre o que ele chama de “epistemologia da prática” (“epistemology of practice”, SCHÖN, 2007 - pg.vii), o estudo da validade do conhecimento na prática. Discorre ainda sobre a reflexão do conhecimento intuitivo que ocorre no momento da ação. Segundo Schon, “os profissionais da prática exibem um tipo de conhecimento desta, que é na maioria das vezes tácito” (“They exhibit a kind of knowing-in-practice, most of which is tacit.”, SCHÖN, 2007 - pg.vii), assim para estes profissionais a sua experiência é muito importante, e o seu conhecimento normalmente é maior do que são capazes de explicar.
                Os profissionais da prática estão envolvidos em conflitos de valor, objetivos, metas e interesses. O autor discute o conhecimento na prática assim como a reflexão na prática. O conhecimento durante a ação é aquele que é espontâneo, não é necessário pensar para realizar certas ações ou julgamentos. Às vezes os praticantes não percebem o que estão fazendo e simplesmente fazem. Já a reflexão durante a ação é uma improvisação que dá coerência ao todo, permite ao praticante analisar e criticar o conhecimento tácito que faz parte das experiências repetidas da prática especializada e permite a ele dar novo sentido às situações de incerteza e singularidade que ele pratica. Cada profissional da prática trata seu caso como único, uma vez que as situações na prática são caracterizadas por eventos únicos também, por isso ele não pode se utilizar de padrões teóricos ou técnicos, já que a ação refletida envolve experimento.
                Na conclusão do livro, o autor diz que a sua preocupação é a de mostrar como o profissional pode ser transformado quando se comporta como um profissional reflexivo da prática. Este profissional admite não ser o único nesta situação a possuir conhecimento relevante para resolver o problema em questão, considera também que as suas incertezas podem ser fonte de aprendizado para ele e para todos os envolvidos no processo. Ele tende a questionar a sua tarefa, as teorias sobre a ação e as medidas de desempenho por quais é controlado.

REFERÊNCIAS:
- http://www.sopper.dk/speciale/arkiv/book49.pdf (acessado em 20/06/2012)
- http://www.ashgate.com/isbn/9781857423198 (acessado em 20/06/2012)
- SCHÖN, Donald A. The Reflective Practitioner – How Professionals Think in Action. Editora Ashgate. England, 2007.

Daniela Risso de Barros 

terça-feira, 19 de junho de 2012

PLANO B - O DESIGN E AS ALTERNATIVAS VIÁVEIS EM UM MUNDO COMPLEXO


Fanny Schroeder 

Thackara, John,  Plano B - O Design e as Alternativas Viáveis em um Mundo Complexo


O autor do livro, o jornalista e filósofo inglês, John Tackara trabalhou para grandes veículos da imprensa britânica. Seu livro, lançado no Brasil sob o título Plano B - O Design e as Alternativas Viáveis em um Mundo Complexo foi originalmente editado pelo MIT Press em 2005, com o titulo: In the Bubble Designing in a Complex World.

Este livro é tido por alguns críticos como uma leitura obrigatória para designers e não-designers - principalmente para quem quer descobrir que a sustentabilidade pode estar no nosso dia a dia. O autor descreve possibilidades de projetos já desenvolvidos por ele ou por colegas, em setores como transportes, alimentação, embalagem, interação, educação e informação. As inspirações podem servir para muitos designers que queiram conhecer novas possibilidades de empreender, ainda por cima, de maneira sustentável.

Plano B aborda temas como Leveza, Velocidade, Mobilidade, Local, Presença. Thackara mostra por que o papel do design é tão importante, promovendo mudanças na sociedade, desde projetos de ponta a pequenas experiências mais comuns. A partir do cotidiano e das iniciativas locais é que encontramos as melhores ideias de design para uma sociedade mais sustentável.

A inteligência dos produtos e serviços não está somente na tecnologia utilizada, mas sim em entender os complexos sistemas e como a nossa sociedade funciona, dos meios de transportes e comunicação ao abastecimento de alimentos nas grandes cidades. E principalmente, em privilegiar as pessoas, antes de qualquer recurso tecnológico de última geração, nas decisões de design. Pense mais em serviços e infra-estrutura, e menos em produtos físicos.

Soluções que surgem em atividades rotineiras de qualquer pequena vila ou grande cidade, que respeitam o contexto, mas que são capazes de mover profundas mudanças. No sentido amplo da palavra design, qualquer pessoa comum que cria soluções para resolver um problema diário, pode ser considerado um designer e para resumir as ideias apresentadas pelo autor, ele propõe seis referências para o design da atualidade:


do projeto e planejamento a sentir e reagir;

do alto conceito ao profundo contexto;
do design de cima para baixo aos efeitos periféricos;
da ficção científica à ficção social;
do design para pessoas ao design com as pessoas;
do design como projeto ao design como serviço de produto.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

METHOD MEETS ART - ART BASED RESEARCH PRATICE


LEAVY, Patricia. Method Meets Art – Art Based Research Practice. The Guilford Press. New York, 2009.
Figura 1: Capa do Livro

“It is my position that arts-based approaches to research offer researchers new pathways for creating knowledge within and across disciplinary boundaries from a range of epistemological and theoretical perspectives.” (“Esta é a minha posição de que as artes baseadas em abordagens de pesquisa oferecem aos pesquisadores novos caminhos para a criação de conhecimento dentro e fora das fronteiras disciplinares a partir de uma gama de perspectivas epistemológicas e teóricas.”) – LEAVY, 2009, pg.xi
Este livro pode ser entendido como um curso do método de pesquisa baseada em arte e como uma inicialização à pesquisa qualitativa vista com uma abordagem diferente. A autora trata de ajudar os estudantes pesquisadores a transformarem ou traduzirem as questões práticas da arte entendida através pensamentos e sensações em representação e comunicação, discutindo os fundamentos teóricos da prática e como podem ser usados nas áreas pesquisa através das  artes.
Esse livro mostra que as pesquisas baseadas em arte - “ABR”(art-based research) - incluem sim um rigoroso método de pesquisa que inclui: coleta de dados, análise, interpretação e representação. Os métodos baseados na prática são capazes de revelar informações e representar experências artísticas que os métodos tradicionais não conseguem.
Os temas abordados no livro são: investigação narrativa, poesia, música, atuação, dança e arte visual. Cada capítulo trata de um destes temas de arte e apresenta conceitos e ferramentas importantes sobre este, falando à respeito das origens da abordagem, contextualizando seu uso nas ciências sociais e destacando as questões analíticas, além de colocar um exemplo de artigo de pesquisa de um praticante do método. Oferece orientações práticas nas fases de pesquisa do projeto, também sugere questões de discussão e atividades e recomenda sites e livros como fonte de pesquisa. Assim, ajuda os leitores no processo de conduzir seus estudos nesta área com credibilidade.
“Researchers working with this new breed of methods have been developing criteria for trustworthiness, authenticity, and validity, and it is important that broader scientific standarts are adpted according to their findings (...)” (“Pesquisadores que trabalham com essa nova geração de métodos têm vindo a desenvolver critérios de confiabilidade, autenticidade e validade, e é importante que mais amplos padrões científicos sejam adaptados de acordo com as suas descobertas (...)”) – LEAVY, 2009, pg.257


REFERÊNCIAS:
- LEAVY, Patricia. Method Meets Art – Art Based Research Practice. The Guilford Press. New York, 2009.
-Chenail, R. J. (2008). “But is it research?”: A review of Patricia Leavy’s Method Meets
Art: Arts-Based Research Practice. The Weekly Qualitative Report, 1(2), 7-12.
Retrieved from http://www.nova.edu/ssss/QR/WQR/leavy.pdf (acessado em 12/06/2012)
-http://search.barnesandnoble.com/Method-Meets-Art/Patricia-Leavy/e/9781593852597 (acessado em 12/06/2012)
-http://www.angusrobertson.com.au/book/method-meets-art/1186844/ (acessado em 12/06/2012)

Daniela Risso de Barros – 13/06/2012

terça-feira, 12 de junho de 2012

THE THINKING HAND: EXISTENCIAL AND EMBODIED WISDOM IN ARCHITECTURE


PALLASMAA, Juhani. The Thinking Hand: Existencial and Embodied Wisdom in Architecture. John Wiley & Sons, 2009. Reino Unido.

Figura 1: Capa do Livro

“Estamos conectados com o mundo através de nossos sentidos.” (pg. 13 - introdução) [1]

Este livro é uma continuação da ideia de outro livro do mesmo autor: The Eyes of the Skin: Architecture and the Senses (Academy, 1995 e Jonh Wiley & Sons, 2005). O autor investiga a relação entre emoção e imaginação, inteligência e o fazer. Abordando a arte e a arquitetura, através da análise da experiência através da mão. Nos agradecimentos de The Thinking Hand (figura 1), o autor faz menção a dois livros que o ajudaram em seus estudos para escrever este livro, eles são: The Hand: How Its Use Shapes the Brain, Language, and Human Culture for anatomical and neurological facts.  – Frank R. Wilson; e O Artífice – Richard Sennet.
O livro fala sobre o potencial da mão humana. Segundo o autor, a expressão através da mão do artista é a ligação entre o que ele imagina e a imagem de fato. Ressaltando assim a ligação entre experiência e imaginação através da mão. Pallasmaa trata da união entre as habilidades mentais e manuais no processo de trabalho artesanal. Apresenta uma pesquisa à respeito das essências da mão, contemplando a evolução biológica e o seu papel cultural. Ressalta a importância da união entre olho – mão – mente para a habilidade.
“Para o esportista, artesão, mágico e artista, a colaboração contínua e inconsciente do olho, da mão e da mente é fundamental. Como o desempenho é aperfeiçoado gradualmente, a percepção, a ação da mão e o pensamento perdem a sua independência e se transformam em um sistema único e coordenado de reação e resposta”. (pg.82 - Capítulo 3: Eye – Hand – Mind Fusion)[2]
Enfatiza sua análise à respeito do uso da mão para a arquitetura, através do desenho. A prática de utilizar a mão no desenho de arquitetura, como uma ferramenta em si, é uma experiência natural baseada na imaginação, diferente de quando se faz uso do computador. O processo prático ocorre através da experimentação e para Pallasmaa o objeto, filosoficamente, se transforma em quem o faz, porque no processo de criação projetamos nossas emoções e sentimentos.
“Cada croqui e desenho contém uma parte daquele que o fez e seu mundo mental, ao mesmo tempo que representa um objeto ou vista no mundo real, ou em um universo imaginário. Todo desenho é também uma escavação no passado e na memória do desenhista.” (pg. 91 - Capítulo 4 – The Drawing Hand)[3]
                Para completar, o autor também discute a mão na arquitetura dizendo que o arquiteto sempre necessita de outras mãos para ajudá-lo, seja no studio/escritório ou na obra, para executar o seu projeto.

REFERÊNCIAS:
http://www.amazon.com/ThinkingHandArchitecturalDesignPrimer/dp/0470779284/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1337615978&sr=8-1 (acessado em 21/05/2012)
http://archidose.org/wp/2010/10/04/the-thinking-hand/ (acessado em 21/05/2012)
http://alexodom.com/hand/writings/analysis-of-juhani-pallasmaa/ (acessado em 21/05/2012)

Daniela Risso de Barros 


[1] Tradução da autora: “We are connected with the world through our senses.”
[2] Tradução da autora: “For the sportsman, craftsman, magician and artist alike, the seamless and unconscious collaboration of the eye, hand and mind is crucial. As the performance is gradually perfected, perception, action of the hand and thought lose their independence and turn into a singular and subliminally coordinated system of reaction and response.”
[3] Tradução da autora: “Each sketch and drawing contains a part of the maker and his/her mental world, at the same time that it represents an object or vista in the real world, or in an imagined universe. Every drawing is also an excavation into the drawer’s past and memory.”

segunda-feira, 11 de junho de 2012

DISEGNO. DESENHO. DESÍGNO


Fanny Schroeder 
29 maio de 2012

Derdyk, Edith (organizadora) Disegno. Desenho. Desígnio, Editora Senac, São Paulo 2007.



A artista plástica, ilustradora e educadora Edith Derdyk que organizou o livro Disegno. Desenho. Desígnio, já lançou outros livro sobre desenho, tais como: O Desenho da Figura Humana e Formas de Pensar o Desenho: Desenvolvimento do Grafitismo Infantil.
Este livro é composto por trinta ensaios, sendo alguns apenas escrito e outros escritos e/ou desenhados. Os autores são das mais diversas áreas, porém sempre referências em suas áreas de atuação. Nesses artigos, o leitor pode observar as mais variadas formas de utilização e expressão do desenho, que vai desde o cinema, artes plásticas até a astronomia.
“Por meio da diversidade dos artigos e de um eclético perfil de autores, Disegno. Desenho. Desígnio revela como o desenho, sem deixar de ser uma linguagem soberana, comparece como ferramenta de formulação e representação das ideias em contextos variados – na ciência, nas artes, na mídia, nos mais elementares rabiscos infantis.” Nota do editor
A escritora Noemi Jaffe define este livro como: “um inventário do desenho. Em outras palavras, uma lista de invenções dos limites que o homem estabelece no mundo. Desenhar, em astronomia, na dança, na literatura, nas artes, na arquitetura, é criar limites. Diante da impossibilidade de compreender a magnitude das fronteiras da natureza, o homem, ao inventar a linguagem – que define -, inventa seus próprios limites, que dão a medida de sua insignificância, mas também de sua capacidade de ir além dela.”
No artigo Desenho e projeto, referente à arquitetura, o arquiteto Marcelo Ferraz salienta que, nos dias de hoje, o desenho “é uma das principais ferramentas da arquitetura e, em muitos momentos, confunde-se com a própria, tal a proximidade da linguagem meio (o desenho) com a linguagem fim (a arquitetura). Seguidamente nos utilizamos da palavra ´desenho´para nos referir ao projeto, sem pensar que o projeto é muito mais que desenho. Projetar é ver adiante, enxergar à frente algo que poderá ou não ser concretizado. Ao projetar, podemos recorrer a várias linguagens, como o desenho, a escrita, a fotografia, esculturas (maquetes), sons, falas, etc. Mas, em nossos dias, o desenho como linguagem ainda é fundamental na prática arquitetônica, seja em sua concepção, seja em sua expressão. Não podemos prever ate quando será assim, com tantas inovações que surgem todos os dias no campo da comunicação.”


Marcelo Ferraz e Francisco P. Fanucci, Museu Rodin, 2002. Salvador, BA.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

DESIGN PARA UM MUNDO COMPLEXO


Rafael Cardoso
Cosac Naify, 2011




O livro do escritor e historiador da arte Rafael Cardoso “Design para um mundo complexo” coloca em discussão os significados dos objetos produzidos pelos homens. Num primeiro momento, retornando à questões colocadas por Victor Papanek na década de 60, o autor trás questionamentos atuais sobre linguagens e sentidos que os artefatos oferecem. Como exemplo desses significados, Cardoso discute sobre o valor dos relógios, colocando em discussão a dualidade entre o valor de produção do objeto e os significados que ele agraga a quem o possui.
“Apesar daquilo que todos têm em comum, o relógio Rolex de menor preço costuma custar muito mais do que qualquer relógio Swatch, e este é bem mais caro, por sua vez, do que o relógio Cásio. Será que o preço do Rolex – dez ou vinte ou cem vezes mais alto do que o dos outros – corresponde a uma superioridade proporcional em termos de precisão, conforto, segurança e durabilidade? Para a maioria das pessoas que quer adquirir um Rolex, nenhuma dessas questões é prioritária. O rolex é desejado não por ser melhor como relógio, mas por aquilo que ele significa independentemente do seu funcionamento e operacionalidade” pag. 103

Ao dizer mais especificamente sobre a vida e a fala das formas, o autor destaca a questão das formas, funções e valores do objetos, explicando desde sua aparência e respectivos significados até o ponto sobre o ciclo de vida do artefato. Afirma que as aparências dos objetos nunca são neutras de significados e todos os artefatos possuem valores de juízos que nos remetem à nossa história individual ou coletiva. Para fechar o segundo capítulo, aproximando-se de uma discussão ambiental, Carsoso questiona o ciclo de vida do artefato.

“Diante da magnitude do problema ambiental que é o acúmulo de lixo, compete a todos contribuir para soluções coletivas. Mas o que o design pode fazer, nesse sentido? Os designers não controlam políticas públicas, não comandam as redes de fabricação e nem são responsáveis pelo desenvolvimento de novos materiais e tecnologias.” Pag 156

Já no terceiro capítulo, o autor contextualiza o design aos desafios do admirável mundo virtual problematizando o desenho das páginas virtuais. Numa tentativa de explicar o funcionamento desse novo mundo, o autor se apropria de falas do filósofo inglês Samuel Coleridge para dizer que não conseguimos mais escapar da onipresença da rede virtual, entretanto, a vida era bem mais simples numa época em que as redes eram usadas para caçar borboletas, ao invés de transmitir informações.

Por fim, o autor escreve sobre os modos de ensino do design no Brasil e afirma que a maior contribuição que o design pode fazer pela sociedade complexa é equacionar o pensamento sistêmico. Caroso afirma que poucas áreas estão habituadas a considerar os problemas de modo tão integrado e comunicante, e o design – assim como a engenharia e  a arquitetura – aborda os problemas de maneira diferente que, contribuindo assim, em sua essência, para a lógica da indústria.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A FORÇA ESTÁ NA MENTE. O FAZER ARQUITETÔNICO



A força está  na Mente. O fazer Arquitetônico.
ISBN 978-3-7643-8980-2
Editora: Elke Krasny (ek)
Autores: Gudrun Hausegger, Elke Krasny, Robert Temel (rt), Dietmar Steiner, Gerhard Vana


© 2008 
Architekturzentrum Wien und AutorInnen
Birkhäuser Verlag AG
Basel ∙ Boston ∙ Berlin
P.O. Box 133, CH-4010 Basel, Schweiz 
Ein Unternehmen der Fachverlagsgruppe Springer Science + Business Media



Conteúdo

Trabalho de Campo: Visitas a vinte escritórios de arquitetura.


Quando Elke Krasny iniciou a pesquisa de campo em arquitetura para escrever o livro, tinha em mente a seguinte pergunta: como as relações e as constelações entre arquitetos, suas ferramentas e seu ambiente de trabalho se combinam no processo de concepção do projeto?
Atravéz de visitas a 20 escritórios de arquitetura – em meio a aquarelas, peças Lego, objetos folclóricos, livros, esculturas, objetos e instrumentos encontrados nos escritórios visitados, utilizados no ato de descobrir ideias e projetar – a autora entra em contato com a filosofia pessoal e com a maneira de trabalhar de cada um dos arquitetos.
A questão investigada não era tanto “o que” os arquitetos projetavam, mas “como”. De onde vem a inspiração? Quando que começa o ato de projetar? Como se dá o processo de projeto e quando o mesmo chega ao fim? A autora pergunta-se e observa que no discurso dos arquitetos, tais questões eram raramente colocadas.
O livro oferece um visão “por tráz da cena” de 20 escritórios de arquitetura conceituados, de diferentes nacionalidades, apresentando vislumbres autênticos do mundo criativo indivudual dos 20 arquitetos. Descreve o passo a passo do processo de projeto atravéz de “instantâneos” dos escritórios e textos com citações de conversas com os arquitetos e suas equipes.
Suspeitando que a as ferramentas usadas exercem grande influencia no ato de projetar, no desenvolvimento do projeto e na representação e na própria arquitetura, interessa-se pela pesquisa do ferramental utilizado pelos diversos arquitetos no desenvolvimentos de seus projetos. De que forma os programas de computador, por exemplo, modificaram os métodos de projeto nas últimas décadas?
Em cada um dos 20 escritórios visitados, uma ferramenta de trabalho é mais característica, algumas são mesmo criadas; o resultado da pesquisa é uma visão geral das ferramentas utilizada por sucessivas gerações de arquitetos para desencadear o processo criativo e dar forma aos projetos.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

MULHERES PÚBLICAS


PERROT, Michele. Mulheres Públicas. São Paulo: fundação Editora da UNESP, 1998

Fanny Schroeder

A historiadora francesa Michelle Perrot (1928) é professora da Universidade Paris VII Jussieu na França. Faz parte da geração da Escola Nova Francesa de Estudos Sociais na Europa e é especialista na história do século XIX. Seu artigo "Uma história das mulheres é possível?" é precursor dos estudos sobre a história das mulheres no ocidente.
Em um de seus livros traduzidos para o português, “Mulheres públicas”, realizado a partir de entrevistas a Jean Lebrun, tenta esclarecer o lugar das mulheres no espaço público, através de cinco temas: imagens, palavras, lugares, frentes de luta e resistências. Esse estudo sobre a condição da mulher no século XIX descreve a percepção que se tinha sobre a mulher que se expressava no público: um espaço de histórica dominação masculina.
Neste livro é levantado as seguintes questões; qual será a paisagem do século que se anuncia? Que novas partilhas e para qual cidade? Por que, apesar de as mulheres terem adquirido a igualdade civil, a instrução, o salariado e os esportes de alto nível, elas ainda encontram resistência nos três bastiões masculinos - o militar, o político e sobretudo o religioso. Perrot preferiu dirigir o olhar para as mulheres na arena pública, às voltas com uma cidadania que resiste em incluí-las, mas que elas insistem em ocupar e, gradualmente, ampliar.

“No século XIX, as mulheres se mexem, viajam. Migram quase tanto os homens, atraídas pelo mercado de trabalho das cidades, onde acham emprego principalmente como empregadas domésticas. Essas cidades, que chamam sem realmente acolhe-las, empenham-se em canalizar a desordem potencial atribuída à coabitação entre homens e mulheres. Daí uma segregação sexual do espaço publico. Existem lugares praticamente proibidos às mulheres – políticos, judiciários, intelectuais, e ate esportivos... -, e outros que lhes são quase exclusivamente reservados – lavanderias, grandes magazines, salões de chá... Na cidade, espaço sexuado, vão porem se deslocando, pouco a pouco, as fronteiras entre os sexos.”
                  Jean Béraud, La Patisserie Gloppe, Champs Elysees, Paris, 1889

sábado, 2 de junho de 2012

O Artífice


SENNETT, Richard. O Artífice. Editora Record. 2009. Rio de Janeiro.




   
Figuras 1 e 2: Capas do livro em inglês (à esq.) e português (à dir.).

Em O Artífice (figuras 1 e 2), o autor trata do artesão e do artesanato, concentrando-se na habilidade artesanal, que ele define como “a capacidade de fazer bem as coisas.” (prólogo, pg. 19). Ele discute o “por que” e o “como” fazemos as coisas, afirmando que o ato de fazer é também um ato de pensar, e assim a mão e a cabeça do artífice estão conectadas no processo de trabalho. Segundo Sennett, “as pessoas podem aprender sobre si mesmas através das coisas que fazem” (prólogo, pg.18), dessa forma o que produzem é impregnado de suas marcas, e sua produção, portanto, expressa quem são. No decorrer do livro, são dados exemplos de trabalhos manuais como formas de pensar por meio do fazer.
É através do trabalho e da experiência na prática que o artesão desenvolve habilidades e competências diversas. Além disso, ele possui engajamento e motivação no seu trabalho, possuindo assim, “(...) o desejo de um trabalho bem feito por si mesmo.” (prólogo, pg.19).
Sennet também descreve os espaços de trabalho onde se dá a produção dos artífices, levantando questões como a transferência do conhecimento através da experiência dos mestres assim como o caráter coletivo de uma atividade de trabalho.
A capacitação do artesão, da qual discute o autor, depende do treinamento. Dessa forma, a aprendizagem da técnica envolve repetição. Essa repetição também possibilita ao aprendiz a reflexão e a consciência sobre o seu trabalho e sua produção. “A habilidade é um prática decorrente de treinamento (...)” (O artífice inquieto, pg. 64). As ferramentas ou máquinas, utilizadas no processo de trabalho, também levam o artesão a pensar sobre si mesmo.

REFERÊNCIAS:
http://www.fundacentro.gov.br/rbso/BancoAnexos/RBSO%20121%20Resenha.pdf (acessado em 26/05/12)
http://www.mariosantiago.net/Textos%20em%20PDF/RS.%20Sinopse%20de%20O%20art%C3%ADfice.pdf (acessado em 26/05/12)
http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2009/07/17/o-artifice-richard-sennett-discute-tecnica-como-questao-cultural/ (acessado em 26/05/12)
http://www.richardsennett.com/site/SENN/Templates/General.aspx?pageid=40 (acessado em 26/05/12)

Daniela Risso de Barros – 30/05/2012