quarta-feira, 6 de junho de 2012

DESIGN PARA UM MUNDO COMPLEXO


Rafael Cardoso
Cosac Naify, 2011




O livro do escritor e historiador da arte Rafael Cardoso “Design para um mundo complexo” coloca em discussão os significados dos objetos produzidos pelos homens. Num primeiro momento, retornando à questões colocadas por Victor Papanek na década de 60, o autor trás questionamentos atuais sobre linguagens e sentidos que os artefatos oferecem. Como exemplo desses significados, Cardoso discute sobre o valor dos relógios, colocando em discussão a dualidade entre o valor de produção do objeto e os significados que ele agraga a quem o possui.
“Apesar daquilo que todos têm em comum, o relógio Rolex de menor preço costuma custar muito mais do que qualquer relógio Swatch, e este é bem mais caro, por sua vez, do que o relógio Cásio. Será que o preço do Rolex – dez ou vinte ou cem vezes mais alto do que o dos outros – corresponde a uma superioridade proporcional em termos de precisão, conforto, segurança e durabilidade? Para a maioria das pessoas que quer adquirir um Rolex, nenhuma dessas questões é prioritária. O rolex é desejado não por ser melhor como relógio, mas por aquilo que ele significa independentemente do seu funcionamento e operacionalidade” pag. 103

Ao dizer mais especificamente sobre a vida e a fala das formas, o autor destaca a questão das formas, funções e valores do objetos, explicando desde sua aparência e respectivos significados até o ponto sobre o ciclo de vida do artefato. Afirma que as aparências dos objetos nunca são neutras de significados e todos os artefatos possuem valores de juízos que nos remetem à nossa história individual ou coletiva. Para fechar o segundo capítulo, aproximando-se de uma discussão ambiental, Carsoso questiona o ciclo de vida do artefato.

“Diante da magnitude do problema ambiental que é o acúmulo de lixo, compete a todos contribuir para soluções coletivas. Mas o que o design pode fazer, nesse sentido? Os designers não controlam políticas públicas, não comandam as redes de fabricação e nem são responsáveis pelo desenvolvimento de novos materiais e tecnologias.” Pag 156

Já no terceiro capítulo, o autor contextualiza o design aos desafios do admirável mundo virtual problematizando o desenho das páginas virtuais. Numa tentativa de explicar o funcionamento desse novo mundo, o autor se apropria de falas do filósofo inglês Samuel Coleridge para dizer que não conseguimos mais escapar da onipresença da rede virtual, entretanto, a vida era bem mais simples numa época em que as redes eram usadas para caçar borboletas, ao invés de transmitir informações.

Por fim, o autor escreve sobre os modos de ensino do design no Brasil e afirma que a maior contribuição que o design pode fazer pela sociedade complexa é equacionar o pensamento sistêmico. Caroso afirma que poucas áreas estão habituadas a considerar os problemas de modo tão integrado e comunicante, e o design – assim como a engenharia e  a arquitetura – aborda os problemas de maneira diferente que, contribuindo assim, em sua essência, para a lógica da indústria.

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